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As creches e a autonomia das mulheres

  • silvabezerra2
  • 13 de fev.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 14 de fev.


Quando se é mãe, e a sociedade exige que sejamos mães, produtivas, bonitas, felizes, esposas e mulheres de sucesso. A primeira coisa que vem à cabeça: quem ficará com meu filho ou minha filha, para eu poder trabalhar, estudar, me qualificar, fazer atividade física? A resposta depende de vários fatores sociais e econômicos. Algo é comum as condições de cada mãe, a logística instável e desafiadora. Envolve escolhas, porque não dá para realizar tudo e muitas vezes, a maior parte das nossas necessidades e desejos não aconteça.


Mas queremos ser mães e queremos poder fazer todas essas coisas também. No entanto, diante de uma lógica social onde essa tarefa deve ser exclusivamente da mãe, logo, não é mais viável ser mãe. Devido a construção social que se mantém essa dinâmica acontecendo. Restam as políticas públicas e a responsabilidade governamental para fazer ao menos sua parte: oferecer creches e educação infantil gratuita e de qualidade. Porém, mesmo a educação infantil sendo um direito fundamental e constitucional obrigatório, nos deparamos com movimentos de mulheres que lutam por vagas em creches das escolas públicas municipais.


Quando não se oferece creches e escolas para as crianças, não se nega apenas o direito à educação. Mas renega a autonomia de mães e mulheres. Percebe-se uma análise mais sensível, observando que tudo faz parte, também,

da luta de classes. Pois, à medida que mulheres não poderão trabalhar e estudar, porque não tem onde deixar seus filhos, haverá a manutenção das desigualdades sociais e elas continuaram sendo mulheres sem oportunidades, com perspectivas inferiores e trabalhos precarizados. E toda uma geração, e depois outra, continuará dentro desse contexto da desigualdade do país.


Ontem, 12 de fevereiro, o movimento potiguar MLB (Movimento Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) ocupou a prefeitura de Natal, onde cerca de 80 mães exigiram uma reunião com o secretário Aldo Fernandes para que o chefe do poder executivo municipal cumpra com sua promessa de campanha, de zerar as filas por vagas nas creches e que sejam construídos novos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis’s). As vagas são distribuídas através de sorteios. Nesse caso, é a sorte quem determina a vida de crianças e de suas famílias.


Hoje, Natal possui um déficit de mais de 1.600 crianças sem vagas nas escolas do município. E isso já é um problema antigo e recorrente. São as demandas das mulheres, principalmente, que não são prioridades. E nem vamos entrar no âmbito da misoginia e do machismo que está por trás desse tipo de negligência.


O tamanho do prejuízo pessoal, social e coletivo de uma gestão tão negligente é tão devastador que é praticamente um “crime social”.


Penso que a saúde, educação e segurança é o tripé de qualquer existência digna. E esses pilares são constantemente atingidos. E é por isso que exigir do poder executivo, deve ser uma ação coletiva, incentivada e apoiada por nós mulheres, país e mães, pois direitos não são negociáveis e a educação é o único fator efetivo de mudança social.



Amanda Bezerra

Jornalista


Fonte: G1 RN.

 
 
 

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